O que fazer – e o que evitar – para que a escolha de carreira não se transforme numa das decisões mais traumáticas da adolescência
Todos nós também já passamos por isso e sabemos bem a dificuldade que é escolher uma carreira. Mesmo para aqueles que já têm uma ideia do que gostam de fazer, é uma decisão difícil. Afinal, pela primeira vez nos deparamos com um passo que pode ter consequências para uma vida inteira. Ou pelo menos é assim que a maioria dos adolescentes enxerga esse momento. E daí vêm toda angústia e insegurança que cercam essa escolha, sempre próxima da fase de preparação para os vestibulares, quando o nível de estresse já é normalmente bastante elevado.
O movimento #PrecisamosFalarSobreIsso desta semana traz sugestões de como você pode ajudar seu filho ou filha neste momento – e o que você deve evitar para não aumentar ainda mais o nível de estresse dele.
Como você pode ajudar
- Observe as aptidões do seu filho – As conversas sobre escolha de carreira começam, geralmente, no final do Ensino Fundamental II. E se acentuam no Ensino Médio, à medida que o momento de escolher uma universidade para prestar vestibular se aproxima. Converse com seu filho ou filha sobre o que ele mais gosta de fazer, entre as matérias da escola. Qual é a área com que ele se identifica mais? Exatas, Humanas ou Biológicas? E dentro dessa área, quais matérias o atraem mais? Esse é o ponto de partida para pesquisar uma carreira. Se o seu filho ou filha odeia matemática, por exemplo, a Engenharia talvez não seja o melhor caminho.
- Pesquise as carreiras ligadas à área preferida – A internet é uma ferramenta maravilhosa para ajudar a pesquisar quais profissões estão ligadas à área que seu filho ou filha mais gosta. Façam, juntos, uma lista de carreiras e pesquisem o que fazem os profissionais. Uma breve descrição, aqui, basta. Deixe para se aprofundar mais tarde, quando ele ou ela tiver reduzido a lista a duas ou três profissões que lhe pareçam mais atraentes.
- Não se esqueça das novas profissões – O mercado de trabalho está em transformação. O desenvolvimento das tecnologias digitais está moldando novas profissões. Não se esqueça de pesquisar essas possibilidades também.
- Afunile as opções – A partir da lista mais ampla, ajude seu filho ou filha a reduzir as opções a duas ou três profissões com as quais se sinta mais identificado. E então aprofunde a pesquisa incluindo dados sobre mercado de trabalho, possibilidades de atuação profissional, viabilidade financeira. É importante lembrar que as opções de colocação não se limitam à profissão escolhida. Engenheiros, por exemplo, são muito valorizados por consultorias e bancos de investimento; biólogos podem ter boas opções de empregos na indústria de equipamentos médicos; artistas plásticos podem encontrar um campo enorme na área de computação gráfica e assim por diante.
- Apresente-o para profissionais das áreas em estudo – A internet é ótima para abrir as pesquisas, mas nada como alguém que trabalha na profissão para dar um panorama real sobre o dia a dia de uma carreira, os pontos positivos e aqueles nem tão bons assim. Procure pessoas que trabalham nas áreas que seu filho ou filha está considerando e combine de encontrá-los. Se vocês puderem visitar o escritório da empresa, melhor ainda. Acompanhar um dia numa redação de jornal, por exemplo, pode ser bastante esclarecedor para um jovem que esteja considerando a possibilidade ser jornalista, por exemplo.
- Estimule a reflexão sobre a escolha – Vocês já avançaram um tanto, então é bom fazer uma reflexão. Como ele ou ela está vendo tudo o que vocês descobriram até aqui? Alguma das carreiras encanta mais? O que ele vê como prós e contras de cada área? Ela se enxerga trabalhando em alguma dessas carreiras? Vale a pena olhar novamente a lista inicial e repensar algumas das profissões que foram descartadas no início, principalmente se a indecisão persistir.
- Investigue as universidades – Enquanto vocês revisam as profissões, estimule-o a pesquisar as melhores universidades para as carreiras que estão sendo consideradas. Onde estão localizadas? Qual a dificuldade de ingressso? Quantos candidatos concorrem a cada vaga? Qual é o currículo do curso? É importante observar o currículo, porque muitas vezes uma carreira numa área de humanas pode ter algumas matérias de exatas, por exemplo. Se seu filho ou filha está fugindo de cálculo é melhor descobrir se essa matéria faz parte da formação da carreira que ele ou ela considera cursar.
Como você só vai atrapalhar
- Não pressione demais – Se ele está indeciso, procure guiá-lo na tomada de uma decisão. Pressioná-lo constantemente, lembrando que o tempo está passando e ele precisa fazer uma escolha, em lugar de ajudá-lo, só vai aumentar a angústia. E o resultado pode ser uma escolha errada. Se o seu filho parece apático e não demonstra interesse por nenhuma área ou profissão, procure a ajuda especializada de um psicólogo.
- Não use de manipulações – Quando a ansiedade de nossos filhos para escolher uma carreira nos contagia, é comum que cometamos o erro de partir para manipulações. Oferecer benefícios – como uma viagem com os amigos, ou um carro novo, ou mesmo a promessa de que ele não precisará trabalhar se entrar na faculdade – só vai aumentar a pressão que ele sente neste momento. O mesmo resultado será causado por ameaças de punições, caso ele não se decida ou não consiga entrar na universidade.
- Não faça comparações – Para um jovem que se sente indeciso, de nada ajudará ser lembrado a todo instante que o irmão já sabia qual profissão seguiria desde o 9o ano, ou que o primo passou no vestibular sem precisar de cursinho.
- Não desmereça a escolha dele – Nós, pais, temos uma tendência de acreditar que sabemos o que é melhor para nossos filhos. E por isso podemos nos sentir tentados a desencorajá-los quando a profissão escolhida parece não ter horizontes profissionais muito amplos. Não faça isso. Lembre-se que para as novas gerações, dinheiro e status profissional são cada vez menos sinônimos de sucesso profissional. Se o seu filho quer ser escritor ou músico, incentive-o a pesquisar as possibilidades de atuação profissional e descubra, junto com ele, as oportunidades abertas pela nova economia.
- Não imponha uma carreira – Não é porque seu avô, seu pai e você foram bem sucedidos numa mesma carreira que seu filho, necessariamente, também o será. Insistir para que ele siga o mesmo caminho, quando ele não parece disposto a isso, pode ser o atalho para a frustração profissional. E mesmo que seu filho se mostre inclinado a seguir a tradição da família, é importante estimulá-lo a refletir: será que ele quer realmente seguir aquela profissão? Ou está apenas tentando atender às expectativa familiares?
Se você quer mais dicas de como lidar com o momento da escolha da profissão, não perca o vídeo com a pedagoga especializada em gestão de pessoas Luciene Bulgarelli Moreira, que vai ao ar aqui no Vida Inovadora nos próximos dias.
É fundamental, nesse processo todo, estimular o sentimento de companheirismo. Seu filho precisa vê-lo como um aliado capaz de ajudá-lo na tarefa de fazer uma escolha que, nesse momento, ele enxerga como a mais importante da vida dele.
Se você quer saber um pouco mais sobre como construir um canal de diálogo, leia nosso post sobre esse assunto e assista ao depoimento da YouTuber Carol Alves sobre as angústias da adolescência.
Conhecer um pouco melhor os processos de formação da personalidade pode ajudar nesse processo. Não deixe de assistir também ao vídeo com a psicóloga Jeanine Rolim sobre esse tema
#PrecisamosFalarSobreIsso
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2 Comentários. Deixe novo
Acho interessante observar o que a criança gosta e a deixa feliz. É bom também ver que o que ela gosta pode estar dentro de várias profissões, por exemplo desenhar, pode está nas artes plásticas, no design gráfico, na arquitetura, etc. Interessante dar essas informações também. Onde está a sua habilidade?
É importante ter afinidade com a área que se pretende atuar, por isso ficar atento, buscar saber mas sobre os cursos oferecidos e a demanda de mercado é importante para poder orientá-los.