Celulares nas escolas: o que os pais precisam saber
Nos últimos anos, o uso de celulares no ambiente escolar tem se tornado cada vez mais comum. Não é difícil imaginar o cenário: adolescentes conectados a redes sociais, jogos ou até mesmo trocando mensagens durante a aula. No entanto, esse uso crescente de dispositivos móveis nas escolas levanta questões importantes sobre o impacto na aprendizagem e no desenvolvimento cognitivo dos alunos.
Para os pais, entender os efeitos desse uso é fundamental, especialmente em um momento em que o Ministério da Educação brasileiro se prepara para lançar um projeto de lei, previsto para outubro, que pretende proibir o uso de celulares nas escolas públicas e privadas.
Como os celulares afetam o desempenho acadêmico
Diversos estudos já apontaram que o uso excessivo de celulares está relacionado a um prejuízo direto na concentração dos estudantes. De acordo com o professor Daniel Cara, da Faculdade de Educação da USP, a regulamentação sobre o uso de celulares nas escolas é uma medida necessária, porém desafiadora. “Especialmente nas fases iniciais da escolarização, como no ensino fundamental e na educação infantil, o uso do celular não só atrapalha a concentração, mas também interfere no desenvolvimento social e cognitivo”, afirma Daniel. Ele ainda comenta que a tendência de pais permitirem o uso de celulares para crianças pequenas pode gerar danos a longo prazo, como atrasos no desenvolvimento de habilidades importantes, como a memória e o autocontrole.
Estudos da London School of Economics, por exemplo, indicam que a proibição do uso de celulares nas escolas pode resultar em melhorias significativas no desempenho acadêmico. Os pesquisadores Richard Murphy e Louis-Philippe Beland avaliaram o impacto dessa medida em escolas da Inglaterra, constatando que, sem o uso de celulares, o desempenho dos alunos em testes melhorou em 6,4%. Para os alunos de baixo rendimento, o salto foi ainda maior, com uma melhora de 14% nos resultados.
Esses dados reforçam a importância de se refletir sobre o papel dos celulares dentro da sala de aula. Para os alunos mais vulneráveis, o celular pode se tornar uma distração prejudicial, agravando dificuldades de concentração e desempenho.
Alternativas para o uso da tecnologia na educação
Embora o banimento do celular nas escolas seja uma solução discutida em diversos países, é importante destacar que nem sempre a proibição total é a melhor opção. Em vez disso, pode-se pensar em estratégias para integrar a tecnologia de forma mais produtiva ao ambiente escolar, promovendo um uso mais consciente e controlado dos dispositivos.
Nesse contexto, programas educacionais como o Programa MenteInovadora, da Mind Lab, podem servir como alternativa para incentivar o desenvolvimento cognitivo e socioemocional dos estudantes. O MenteInovadora utiliza jogos educativos e técnicas que promovem o pensamento crítico, a resolução de problemas e a interação social de forma colaborativa.
Além disso, a proposta do Programa MenteInovadora pode ajudar a reduzir a dependência excessiva dos dispositivos móveis, incentivando o uso de métodos mais tradicionais e eficazes de ensino, como a escrita à mão, que, segundo Daniel Cara, desempenha um papel crucial na capacidade de memorização dos alunos. “A digitação e o uso de telas, por outro lado, reduzem a eficácia da memorização e, com isso, a qualidade do aprendizado”, pontua Daniel.
Como os pais podem ajudar?
Diante desses desafios, o papel dos pais é fundamental. Embora a regulamentação nas escolas seja importante, é essencial que as famílias também colaborem para criar um ambiente de aprendizado mais saudável em casa. Algumas dicas práticas incluem:
- Estabeleça limites claros para o uso do celular: incentive seu filho a usar o celular apenas em momentos apropriados, evitando o uso durante as refeições ou antes de dormir, quando o excesso de telas pode prejudicar o sono.
- Supervisione o conteúdo consumido: verifique os aplicativos e sites acessados por seu filho. Priorize conteúdos educativos e que estejam alinhados à faixa etária.
- Promova momentos sem tecnologia: estimule atividades que não envolvam o uso de dispositivos, como a leitura de livros físicos, jogos de tabuleiro e interações sociais presenciais.
- Ensine a responsabilidade digital: converse sobre os riscos do uso excessivo do celular e sobre a importância de estabelecer um equilíbrio entre o uso da tecnologia e outras atividades.
- Incentive a escrita à mão: como mencionado pelo professor Daniel Cara, a escrita manual é uma das ferramentas mais poderosas para melhorar a memorização. Estimule seu filho a tomar notas à mão e a praticar a caligrafia regularmente.
O que esperar da regulamentação no Brasil?
A possível proibição do uso de celulares nas escolas brasileiras segue uma tendência já adotada por países como França e Holanda. Na França, a medida foi implementada em 2018 para alunos menores de 15 anos, com resultados positivos, como a diminuição do bullying digital e o aumento da interação social. Agora, o país está experimentando a proibição do celular também nos intervalos das aulas, com o objetivo de estimular ainda mais o convívio entre os alunos.
No Brasil, o debate está avançando, e, conforme observado por Daniel Cara, essa regulamentação precisará ser adaptada às diferentes realidades das escolas. “O desafio será encontrar um equilíbrio que atenda às necessidades das crianças e adolescentes em cada fase da escolarização, garantindo que a tecnologia seja um recurso pedagógico, e não um obstáculo ao aprendizado”, explica o professor.
O uso de celulares nas escolas é um tema complexo que exige a colaboração de educadores, pais e alunos. Se, por um lado, a tecnologia oferece inúmeras vantagens, por outro, seu uso descontrolado pode prejudicar o desempenho acadêmico e o desenvolvimento cognitivo dos estudantes.
Ao buscar soluções equilibradas, como programas educativos que promovem o uso consciente da tecnologia e o desenvolvimento de habilidades essenciais, como o Programa MenteInovadora, as escolas e as famílias podem trabalhar juntas para garantir que a educação continue sendo um processo de crescimento integral. Afinal, o celular deve ser uma ferramenta de apoio, e não um empecilho ao aprendizado.
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