Tecnologia: qual o limite saudável?
O assunto está em pauta, principalmente depois que a pandemia de Covid-19 deixou todas as crianças e os jovens confinados em casa. A tela – do celular, do tablet, do computador – era a única alternativa de contato com o mundo fora do núcleo familiar.
No campo da vida digital esse foi, sem dúvida, o principal legado da pandemia para as futuras gerações.
Passado o isolamento, muitas famílias jamais foram capazes de voltar a restringir o acesso às telas. E agora, no mundo da parentalidade, uma das perguntas que mais tira o sono de pais e mães é: qual o limite saudável no uso da tecnologia?
No texto de hoje, vamos abordar os exemplos trazidos pela TV de superexposição de crianças e jovens, vamos relacionar alguns sinais que podem indicar que seu filho ou filha está passando tempo demais nas telas, as consequências que esse excesso pode trazer para a criança e vamos encerrar com dicas para reduzir o tempo de tela de seus filhos e filhas.
Boa leitura.
A arte imita a vida
O assunto dos riscos envolvidos no uso de tecnologia voltou a ganhar destaque a partir de duas situações apresentadas pela novela Travessia, da TV Globo, que foi exibida às 21 horas entre outubro de 2022 e maio de 2023.
Numa delas, o adolescente Theo, interpretado pelo ator Ricardo Silva, passava o dia conectado ao computador e desenvolveu o vício pelo videogame. Quando estava fora do mundo do jogo, ele se tornava agressivo com as pessoas ao seu redor. O desempenho escolar dele também foi afetado.
No segundo drama, a adolescente Karina, interpretada por Danielle Olímpia, tinha o sonho de se tornar atriz e começou a se relacionar pela internet com uma suposta adolescente que dizia ter a mesma idade dela e prometeu apresentá-la a um diretor de novela. A pessoa, na verdade, era um pedófilo que começou a explorar a ingenuidade da menina.
Ambos os casos evidenciam situações de abandono digital, que nós já abordamos em posts passados aqui no Vida Inovadora. Para saber um pouco mais sobre como preparar seu filho para riscos desse tipo, leia também este outro post sobre o papel da família na educação midiática.
6 Sinais da superexposição à tecnologia
Os casos relatados na novela mostram situações extremas de crianças e jovens expostos de maneira inapropriada à tecnologia. Infelizmente, porém, eles não são inverossímeis.
Como pais e mães, é nosso papel estarmos atentos a alguns sinais que podem indicar que nossos filhos e filhas estão expostos demais à tecnologia:
- Troca da vida real pela virtual – a criança não brinca mais com jogos e brinquedos físicos, nem tem interesse em sair de casa para se divertir.
- Comunicação reduzida – você quase não ouve mais a voz de seu filho ou filha, que limita sua comunicação com os demais membros da família ao mínimo, quando não a abole totalmente.
- Queda no rendimento escolar – aquela criança que era a alegria do professor ou professora, de repente, está apática e perdeu o interesse pela aprendizagem. A falta de vontade se reflete em notas mais baixas nas provas de maneira geral.
- Queda na socialização – na escola, seu filho ou filha também não se empolga na relação com colegas, professores e professoras.
- Perda de foco – a capacidade de concentração de seu filho ou filha numa atividade se reduziu drasticamente. Jogos de tabuleiros, livros, conversas… Nada é atrativo o suficiente para que ele ou ela se mantenha focado.
- Irritabilidade com as frustrações – uma das características do mundo virtual é a sua adaptabilidade. Se algo desagrada seu filho ou filha, basta trocar de tela, aplicativo, vídeo… A vida real não traz a função scroll e a criança ou jovem acaba se irritando demais com situações frustrantes, com as quais ele ou ela não sabe lidar.
5 possíveis consequências da superexposição à tecnologia
Como já dissemos neste outro texto sobre a delicada relação entre a criança e a internet, é preciso esclarecer que, quando usada com sabedoria, a tecnologia abre um vasto mundo de possibilidades de desenvolvimento e aprendizagem.
Por outro lado, o uso descontrolado e excessivo pode trazer consequências graves para o desenvolvimento da criança:
- Comprometimento da habilidade de comunicação – a competência socioemocional da comunicação é uma das habilidades mais importantes na vida do ser humano. Para que seja desenvolvida, porém, ela necessita do exercício da socialização constante. Ou seja, contato com outros seres humanos, justamente o que a exposição excessiva às telas limita. Em casos extremos, a criança pode desenvolver um sentimento de angústia pela impossibilidade de se comunicar sem o uso de um aparelho celular.
- Ansiedade, depressão e baixa autoestima – a desconexão da realidade joga a criança num mundo imaginário que ela tem a capacidade de moldar de acordo com seus desejos. Fora desse mundo, a incapacidade de fazer o mesmo no contato com amigos e familiares pode levar ao desenvolvimento de doenças emocionais graves.
- Desenvolvimento cerebral inadequado – na primeira infância, o tempo fisiológico para que o cérebro de uma criança assimile uma informação é maior do que o proporcionado pela instantaneidade da internet. Exposta desde muito cedo à velocidade das telas, a criança deixa de absorver conceitos e seu cérebro se desenvolve de maneira inadequada, perdendo capacidade cognitiva para aprender conteúdos escolares mais adiante.
- Limitação na criatividade e imaginação – na tela, a criança recebe estímulos prontos e vai perdendo gradativamente a capacidade de imaginar e criar brincadeiras a partir do ambiente real. Essa inatividade afeta inclusive o desenvolvimento motor e sensorial da criança.
- Sintomas de abstinência – a criança excessivamente exposta pode sofrer danos no lobo frontal do cérebro, que levam a sintomas de abstinência como descontrole e reações exacerbadas quando ela é privada do uso do equipamento digital.
4 dicas para reduzir o tempo de tela
Para evitar todos os riscos listados nesse texto, o melhor caminho é a prevenção. Não basta, porém, simplesmente decretar o fim do uso das telas. É preciso conquistar seu pequeno ou pequena para as belezas do mundo lá fora.
Confira as dicas que separamos para você:
- Brinque ao ar livre – elas são antigas para você, mas para crianças que jamais as conheceram, brincadeiras como amarelinha, pular corda, elástico, bolinha de gude, jogo de botão, corre-cotia, esconde-esconde, queimada podem se constituir numa novidade instigante. Tire um tempo para se divertir com seu filho ou filha e amigos e amigas do lado de fora, longe dos celulares.
- Estimule a criatividade – brincadeiras que acionam a habilidade de transformar e criar coisas, como montar peças de teatro, ou simplesmente fazer massinha ou slime, por exemplo, ajudam a conectar a criança com materiais da vida real e estimulam a criatividade e a imaginação enquanto ela está afastada da tela.
- Leia para seu filho ou filha – nada como um bom livro cheio de emoções para reativar a capacidade de imaginar cenários, enredos e personagens elaboradíssimos. Reserve tempo para ler um livro para seu filho ou filha, ou para ler o mesmo livro que ele ou ela está lendo, no caso de jovens adolescentes. Assim vocês podem conversar e trocar impressões sobre a história.
- Abuse dos jogos de tabuleiro – como nós aprendemos muito bem com o Programa MenteInovadora, os jogos de tabuleiro são excelentes instrumentos para o desenvolvimento de habilidades socioemocionais como empatia, planejamento estratégico, gestão de recursos, tomada de decisões… Desenterre os clássicos xadrez, dama, jogos de cartas, ludo, dama chinesa, War, Detetive, Scotland Yard… Ou aposte em novos jogos como Dix, Catan, Senha… O importante é se divertir em contato com seu filho ou filha e longe das telas!
#PrecisamosFalarSobreIsso
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