O que seu filho faz e você não sabe?
O que seu filho faz e você não sabe?
A onda de ataques a escolas em março, seguida pela boataria de ameaças no início de abril, colocou todos os pais e mães de crianças em idade escolar em estado de alerta.
As autoridades tentaram reagir com medidas variadas, que foram da implementação de rondas policiais nas unidades escolares a conversas com as redes sociais para impedir a propagação dos boatos.
Nenhuma das medidas, porém, foi suficiente para tirar o incômodo causado pela situação.
Um incômodo que vem da constatação de que o agressor pode ser o melhor amigo de seu filho ou filha. Um adolescente que, até então, jamais havia demonstrado ligação com comportamentos violentos.
E se amigos e amigas da escola estão expostos a discursos de ódio nas redes que fomentam esses comportamentos, como saber que nossos próprios filhos não estão sendo vítimas disso? O que o seu filho ou filha faz na rede sem que você saiba?
No nosso texto de hoje, vamos orientar pais e mães sobre como observar possíveis comportamentos estranhos em seus filhos e filhas. Você vai descobrir como a escola pode ser uma aliada nessa observação e como você deve proceder se perceber comportamentos atípicos no seu filho ou filha adolescente.
Boa leitura.
Meu filho está esquisito?
Na rotina frenética do dia a dia, nem sempre somos capazes de perceber mudanças sutis em nossos filhos e filhas.
A falta de tempo pode acabar nos empurrando para uma clássica saída pela tangente, com a desculpa batida de que “é coisa normal da adolescência”.
Muitas alterações de humor são, de fato, normais na adolescência. E nem por isso devem ser negligenciadas.
Desde a Pandemia de Covid-19, cresceram entre os adolescentes as ocorrências de sentimentos de ansiedade, tristeza e depressão.
Esses fatores, que aumentam o risco para suicídio entre jovens e adolescentes, podem estar na raiz dos comportamentos agressivos que se manifestaram por meio dos ataques a escolas vivenciados no início de 2023.
Como saber, então, se seu filho ou filha mudou? Se ele ou ela está “esquisito ou esquisita”?
Atenção aos sinais
Confira alguns indicadores que você pode observar no comportamento de seu filho ou filha de que algo pode não estar bem:
- Desinteresse por atividades que antes ele ou ela tinha prazer em executar.
- Diminuição do contato social com amigos e amigas que ele ou ela já tinha.
- Alterações graves de sono.
- Perda do apetite
- Mudança nos hábitos de higiene pessoal, com falta de asseio e despreocupação em relação à aparência.
- Irritabilidade e agressividade excessivas.
- Dores de cabeça e de barriga sem explicação aparente.
- Excesso de tempo no mundo virtual.
Como a escola pode ajudar?
A escola tem um papel fundamental nessa observação e também no encaminhamento de possíveis abordagens para solucionar o problema.
Afinal, é no ambiente escolar que seu filho ou filha passa grande parte do dia. É lá, também, que educadoras e educadores terão a capacidade de observar mudanças nas rotinas, no humor, no comportamento e no rendimento acadêmico de seu filho ou filha.
Percebendo essas alterações, é esperado que a escola procure pais e mães para conversar sobre o que está se passando com o adolescente. Mas, se você notar essas alterações, também pode tomar a iniciativa de procurar a coordenação pedagógica.
Se a escola de seu filho ou filha estiver bem equipada, ela poderá apontar caminhos para lidar com a questão e destacar profissionais que possam ajudar seu filho ou filha. Também pode indicar profissionais externos especializados, como psicoterapeutas e hebiatras (pediatra especializado em adolescentes) e serviços públicos de atendimento.
Aliança e cooperação com as educadoras e educadores de seu filho ou filha são fundamentais para traçar uma abordagem que ajude a solucionar o problema.
Não desista de seu filho ou filha
A primeira orientação, por mais estranha que pareça, é a mais importante: não desista de seu filho ou filha. Isso parece impossível de acontecer?
Com a rotina frenética em que vivem no dia a dia, e diante da dificuldade de conversar com adolescentes, é comum que pais e mães coloquem a questão de lado acreditando que tudo vai se resolver com o passar do tempo.
Pode até acontecer isso, em alguns casos. Quando não acontece, porém, o preço pago pode ser muito alto.
Por isso, reforçamos: não desista do seu filho ou filha.
Não aceite uma pequena melhora no comportamento como indicativo de que tudo está resolvido. Fique ao lado dele ou dela, persista até ter a certeza de que as questões que afligiam o adolescente foram superadas.
O que pais e mães podem fazer?
Para encerrar este texto, confira cinco medidas práticas que você pode adotar para ajudar seu filho ou filha:
- Abra o canal de diálogo com o adolescente – Não basta ficar perguntando como foi o dia dele ou dela. Tente conversar, lembrar das coisas que afligiam você nessa fase da vida, compartilhar os medos e sentimentos que você tinha. É importante demonstrar que inseguranças são normais e podem ser superadas.
- Seja presente – Mostre que você não quer se meter na vida dele ou dela, mas que estará sempre presente para ser o porto seguro dele ou dela em caso de necessidade.
- Procure ajuda profissional – Comportamentos estranhos que se prolongam por mais de duas semanas podem significar a necessidade de um profissional de saúde – seja um terapeuta, um hebiatra ou até um psiquiatra. Quanto mais precoce o diagnóstico, maiores as chances de sucesso no tratamento.
- Comunique a escola e peça ajuda – Manter o diálogo aberto com a coordenação pode ser fundamental para auxiliar na recuperação psicológica de um adolescente em sofrimento, especialmente se a fonte desse sofrimento estiver no ambiente escolar.
- Participe da vida digital de seu filho – Neste outro post do VidaInovadora, nós já falamos bastante sobre abandono digital. Pais e mães precisam estar atentos e precisam encontrar maneiras de acompanhar o que seus filhos acessam e compartilham nas redes. Confira este outro post com dicas para promover uma educação midiática que podem ajudar você a educar seu filho para navegar em segurança pela web.
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[…] outro texto, nós já abordamos como os pais e mães devem agir se constatarem sinais de que algo pode estar errado com seus filhos …. Hoje, vamos trazer dicas de como abordar esse assunto com as crianças e os jovens de maneira a […]