Leituras para o Dia da Consciência Negra
Leituras para o Dia da Consciência Negra.
O próximo dia 20 novembro não será apenas a data do início da Copa do Mundo 2022.
Nesse mesmo dia, o Brasil celebra uma data importantíssima para a construção da nossa identidade nacional: o Dia da Consciência Negra.
Como o futuro é construído hoje por meio da educação, nada mais justo do que aproveitarmos essa data para trazer à consciência dos nossos filhos a questão do racismo estrutural na sociedade brasileira e a importância da cultura africana na construção da nossa identidade nacional.
Para ajudar nessa tarefa, nada melhor do que o universo lúdico da literatura.
No nosso texto de hoje, vamos compartilhar alguns números e dados sobre a questão racial no Brasil, como foi criado o Dia da Consciência Negra, a diferença entre negros, pretos e pardos, e 7 dicas de livros sobre o tema para você ler com seu filho ou filha e iniciar uma conversa embasada sobre essa questão.
Boa leitura.
A questão racial no Brasil
Você sabia que o Brasil é um país de maioria negra? Segundo os dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o IBGE, 56,1% da população brasileira se declara negra.
Conheça alguns números e dados sobre a população negra no Brasil*:
- 388 anos foi o tempo de duração da escravidão no Brasil.
- 5,4 milhões de homens, mulheres e crianças, aproximadamente, foram trazidos como escravos da África para o Brasil nesse período.
- ⅓ do comércio negreiro de todos os países americanos aconteceu no Brasil.
- 670 mil africanos escravizados morreram nos porões dos navios negreiros antes de chegar à costa brasileira.
- 9 mil viagens realizadas por navios negreiros brasileiros e portugueses entre os séculos 16 e 19 tiveram como destino os portos brasileiros.
*Fonte dos dados: The Trans-Atlantic Slave Trade Database, uma iniciativa de um conjunto de universidades e institutos norte-americanos e europeus para compilar todos os dados relativos à escravidão nas Américas.
O Dia da Consciência Negra
O Dia da Consciência Negra é fruto de uma longa luta de ativistas e intelectuais negros pelo reconhecimento da importância da cultura negra no mundo.
A data escolhida, 20 de novembro, marca a morte de Zumbi dos Palmares, em 1695. Ele foi o último líder do Quilombo dos Palmares, o maior quilombo da época colonial. Localizado na região da Serra da Barriga, hoje pertencente ao estado de Alagoas, esse quilombo chegou a ter 20 mil moradores.
O Dia da Consciência Negra se tornou parte do calendário escolar em 2003, com o objetivo de despertar nas escolas o debate sobre a questão racial no Brasil. Em 2011, foi instituído pela Lei 12.519 e a transformação da data em feriado foi tornada opcional, a critério de cada município.
Em 2022, o Senado Federal discutia a possibilidade de transformar a data em feriado nacional.
Negros, pretos e pardos
Essa é uma confusão comum e ganhou notoriedade na campanha eleitoral de 2022. Um candidato a governador num determinado estado se declarou pardo, numa entrevista de TV, mas negou que fosse negro. Demonstrou, assim, desconhecimento em relação aos termos de classificação da população brasileira utilizados pelo IBGE.
Segundo o critério do IBGE, a população brasileira se divide em cinco grupos: pretos, pardos, brancos, amarelos e indígenas.
Os pretos seriam as pessoas de origem africana com pele mais escura.
Os pardos são aqueles oriundos de miscigenação entre duas raças.
Pardos podem incluir pessoas com algum ancestral de origem africana, como é comum acontecer nas regiões Sul e Sudeste do Brasil. Mas também pode ser usado para pessoas com algum ancestral indígena, como é comum acontecer na região Norte do Brasil.
Para efeito de pesquisa censitária, o IBGE agrupa pretos e pardos no grupo dos negros.
Uma pessoa que se declare parda, portanto, é necessariamente negra.
5 Leituras para o Dia da Consciência Negra.
Agora que você já tem um pouco mais de subsídios sobre a questão racial no Brasil, que tal escolher um livro para ler com seu filho ou filha no Dia da Consciência Negra?
Confira nossa seleção de dicas para você:
Sulwe, de Lupita Nyong’o
Uma garotinha sofre por ter a pele ‘da cor da meia-noite’ e se sente deslocada, já que nenhum de seus amigos ou familiares se parece com ela. Um passeio noturno, porém, faz com que ela reconheça sua beleza e importância no mundo.
Pivetim, de Délcio Teobaldo
Um menino de rua relata suas estratégias de sobrevivência na cidade do Rio de Janeiro, num contexto de desamparo social.
O Pequeno Príncipe Preto, de Rodrigo França
Inspirado na clássica história infantil escrita por Antoine de Saint-Exupéry, o livro de Rodrigo França tem como protagonista um principezinho de pele negra. Enquanto acompanha a jornada do garoto por diferentes planetas, o leitor mirim aprende palavras do dialeto Yorubá e trava contato com temas como ancestralidade, representatividade e valor dos laços familiares.
Sinto o que sinto: e a incrível história de Asta e Jaser, de Lázaro Ramos
O menino Dan se conecta com a trajetória de seus antepassados, Asta e Jaser, que dão nome ao volume e ao conhecer suas raízes, entende melhor sobre pertencimento e valorização da própria identidade.
Meu crespo é de rainha, de Bell Hooks
A autora usa a poesia para celebrar e exaltar a beleza do cabelo crespo. Quebra o estereótipo de que princesas e rainhas precisam ter fios longos e lisos. Importante para que crianças de cabelo crespo sintam-se representadas.
Amoras, de Emicida
Inspirado numa conversa que o autor teve com a própria filha sob uma amoreira – e que foi transformada em música pelo rapper –, o livro versa sobre negritude, representatividade, preconceito e autoconfiança.
Princesas negras, de Edileuza Penha de Souza e Ariane Celestino Meireles
Ótimo para abordar as questões identitárias e de representatividade, este livro desconstrói a noção de que as princesas precisam viver em castelos e fazer parte da realeza tradicional.
Para mais dicas de leitura, consulte:
- 7 livros antirracistas para você ler no Mês da Consciência Negra (indicações para adultos)
- Dia da Consciência Negra: dicas de leitura
- Dia da Consciência Negra – 35 livros (indicações para adultos)
- 10 livros que trazem representatividade negra para as histórias infantis
Leituras para o Dia da Consciência Negra.
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