Como falar com adolescentes sobre os riscos do sexting
A tecnologia mudou a forma como os jovens se relacionam. Para muitos adolescentes, interações sociais e até o despertar sexual acontecem via mensagens digitais. Essa prática, conhecida como sexting (envio de mensagens ou imagens sexualmente explícitas pelo celular), está se tornando cada vez mais comum.
Segundo a revista científica JAMA Pediatrics, um em cada três adolescentes entre 12 e 17 anos já recebeu mensagens com conteúdo sexual, e quase 15% já compartilhou essas mensagens sem consentimento.
Como pais, é essencial falar sobre os riscos dessa prática, que vão desde consequências emocionais até problemas legais. Entretanto, abordar o tema pode ser desafiador, especialmente por envolver sexualidade e tecnologia. Confira as estratégias traçadas por Bete P. Rodrigues – Trainer em Disciplina Positiva, para ter uma conversa eficaz com seus filhos sobre o tema.
1. Converse antecipadamente
Esperar o momento certo para conversar sobre sexting pode ser um erro. Segundo especialistas, essas conversas devem começar cedo, especialmente quando a criança ou o adolescente ganha acesso a um celular.
Yolanda Reid, da Universidade da Califórnia, sugere iniciar a conversa perguntando o que seu filho sabe sobre o tema. Isso ajuda a adaptar o diálogo à idade e ao nível de maturidade da criança/adolescente.
Se seu filho for mais jovem, explique que mensagens ou imagens inadequadas (como fotos sem roupas) nunca devem ser enviadas ou compartilhadas. Com adolescentes, mencione diretamente o termo sexting e pergunte se eles já viram ou ouviram falar sobre isso.
Além disso, lembre-se de que essa conversa não deve ser única. Conversas recorrentes e em tom acessível ajudam a criar um espaço seguro para que seu filho se sinta confortável em abordar o tema no futuro.
2. Coloque-se no lugar do adolescente
Proibir o sexting de forma rígida ou rotular quem participa como “ruim” pode ser contraproducente. É importante reconhecer que o desejo de se sentir desejado e a curiosidade sobre sexualidade fazem parte do desenvolvimento adolescente.
Adote uma abordagem empática, explicando que, embora enviar mensagens sexuais possa parecer divertido ou até normal, existem limites que precisam ser respeitados. Diga a eles que, em um relacionamento saudável, “não é não” tanto no mundo físico quanto no virtual.
Reforce que respeitar os próprios limites e os do outro é essencial. Explique que, se a pessoa com quem estão se relacionando vale a pena, ela respeitará qualquer recusa em participar dessa prática.
3. Reforce as consequências
Adolescentes nem sempre têm noção das repercussões de seus atos, especialmente no ambiente digital. Explique, de forma clara, que uma vez enviada, uma imagem ou mensagem sexualmente explícita pode ganhar “vida própria” na internet.
Diga, por exemplo: “Se você enviar algo que te deixaria desconfortável caso um professor, avô ou amigo visse, talvez seja melhor não enviar.”
Além disso, fale sobre as consequências legais. Muitos países, inclusive o Brasil, consideram o compartilhamento de imagens de menores como pornografia infantil, mesmo entre adolescentes.
Outra dica é usar notícias reais para mostrar o impacto do sexting, tanto para quem envia quanto para quem compartilha sem consentimento. Esses exemplos tornam a conversa mais tangível e ajudam a reforçar os riscos.
4. Ensine a resistir à pressão
Segundo especialistas, muitos adolescentes relatam que só enviaram fotos explícitas após insistência de outras pessoas. Ensine seu filho a identificar comportamentos de pressão e a dizer “não” quando não se sentir confortável.
Além disso, introduza o conceito de cidadania digital, enfatizando que não é correto pressionar ninguém a enviar imagens íntimas ou compartilhar conteúdos recebidos sem consentimento.
Diga que, mesmo que outros amigos ou colegas participem do sexting, isso não é justificativa para violar os limites de alguém.
E se algo der errado?
Apesar de toda orientação, erros podem acontecer. Nesse caso, é fundamental que os pais mantenham a calma e lembrem o filho de que ele não tem menos valor por ter cometido um erro.
Embora possam se sentir angustiados ou envergonhados, é importante reforçar que isso já aconteceu com outras pessoas e que o mais importante agora é buscar apoio para lidar com a situação.
Ofereça apoio incondicional e, se necessário, procure ajuda profissional, como psicólogos ou conselheiros, para auxiliar seu filho a superar o episódio.
E se seu filho precisar assumir as consequências de um erro ao, por exemplo, cometer cyberbullying, busque junto com ele soluções respeitosas, razoáveis e úteis, que resolvam o problema. Evite superproteger minimizando ou escondendo o erro.
Construindo uma relação de confiança
Falar sobre sexting com adolescentes exige paciência, empatia e conhecimento. Não se trata apenas de impor regras, mas de educar sobre responsabilidade, respeito e autocuidado no ambiente digital.
Ao criar um espaço de diálogo aberto e contínuo, você ajuda seu filho a tomar decisões mais conscientes e a lidar com as pressões que surgem nessa fase da vida.
#PrecisamosFalarSobreIsso
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