Você sabe o que é abandono digital?
Desde que nós nos entendemos como seres humanos, sempre foi responsabilidade dos adultos zelar pelas crianças.
Isso inclui a preocupação com a alimentação, higiene e sono, proteção, educação e afeto.
Até aí, nenhuma novidade para pais e mães, certo? Seus filhos e filhas são responsabilidade sua.
A evolução tecnológica, porém, trouxe um novo desafio para o exercício da parentalidade: cuidar também de todos esses aspectos inseridos no contexto de uma tela.
No nosso texto de hoje, vamos explicar o que é abandono digital, de que forma ele se configura, quais riscos que essa situação traz às crianças, como pais e mães devem lidar com essa questão, inclusive aqueles que estão separados e cada um vive numa casa, e vamos encerrar com 6 dicas práticas para garantir a segurança de seu filho ou filha no mundo digital.
Boa leitura.
O que é abandono digital?
O abandono digital é um termo cunhado pelo direito de família para se referir à situações em que crianças e jovens recebem total liberdade para navegar na internet e nas redes sociais, sem qualquer supervisão por parte dos pais, mães ou responsáveis.
Esse termo surgiu a partir da pandemia de Covid-19, em 2020 e 2021, quando a presença de crianças e jovens no ambiente virtual explodiu em função das restrições impostas pelo isolamento social.
De que forma se configura o abandono digital?
Do ponto de vista legal, o abandono digital acontece quando pais, mães e responsáveis deixam de acompanhar as atividades dos filhos, filhas e menores de idade no ambiente virtual.
Todos os direitos previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente, o ECA, se aplicam tanto ao mundo real quanto ao virtual.
Em outras palavras, pais, mães e responsáveis podem ser judicialmente responsabilizados por negligência em caso de crimes cometidos contra menores de idade em ambientes virtuais.
A quais riscos a criança está exposta?
Você deixaria seu filho ou filha sozinho/a numa rua da cidade? Permitiria que ele ou ela conversasse com um estranho, fechado/a numa sala, sem o seu conhecimento?
Ao submeter uma criança ao abandono digital, é exatamente isso o que estamos fazendo, só que no mundo virtual.
Navegando sozinhos(as) em redes sociais, ou simplesmente participando de partidas coletivas em jogos aparentemente inocentes, nossos filhos e filhas ficam expostos à abordagem de pessoas que não conhecemos e que nem sempre têm boas intenções.
Entre os crimes a que ficam expostos estão a pedofilia, a exploração, a violência e outros constrangimentos.
Como lidar com o abandono digital?
O alerta sobre os riscos a que as crianças ficam expostas na internet não tem o objetivo de proibi-las de usar a rede.
Como já dissemos neste outro post, a entrada da nossa sociedade na era digital não tem retorno. Além disso, a internet também traz oportunidades de aprendizagem e desenvolvimento que não podem ser ignoradas.
A forma correta de lidar com isso, portanto, é evitar o abandono digital educando nossos filhos para a convivência no ambiente virtual.
Confira a seguir 6 dicas práticas de como iniciar essa educação para o mundo virtual.
6 dicas práticas para conviver no mundo digital
- Aprenda sobre a vida virtual de seu filho ou filha: que jogos e aplicativos ele ou ela usa, em quais redes sociais mantém contas, o que ele ou ela está postando na web?
- Converse sobre os riscos: desde cedo, é importante alertar crianças e jovens para os riscos que existem na web. Você não precisa dar uma aula técnica sobre pedofilia para uma criança de 7 anos, que ainda não está preparada para enteder o assunto, mas deve alertá-la sobre o risco de conversar com estranhos e orientá-la a sempre avisar você se alguém que ela não conhece tentar contatá-la.
- Mantenha o diálogo aberto: mais importante do que tentar impor proibições ou invadir a privacidade de seu filho ou filha é construir uma relação de abertura, para que ele ou ela confie em você e se sinta confortável para pedir conselhos e contar o que está acontecendo no mundo virtual.
- Estabeleça limites e explique os motivos: o uso da rede deve ser restrito, quanto mais jovem for a criança, e é salutar explicar por que esses limites estão sendo impostos, para que ela entenda os riscos a que está exposta. À medida que criança amadurece, os limites podem ser revistos.
- Liberdade com responsabilidade: para os adolescentes, o aumento da liberdade de navegação deve vir acompanhado de responsabilidade. Eles precisam saber que terão de responder por sua conduta no mundo digital.
- Crie um código de boas práticas: crie com seu filho ou filha uma lista de regras que devem ser respeitadas para manter o uso saudável. Essa lista pode incluir a proibição de compartilhar imagens íntimas e informações pessoais, pode estabelecer limites de tempo de uso, de que forma agir se for abordado por alguém estranho, entre outras medidas.
E quando os pais são separados?
Essa questão é muito pertinente, porque não é incomum que as crianças e adolescentes vivam situações diametralmente opostas nas duas casas, quando o pai e a mãe vivem separados.
Numa casa, o uso do celular é regulado; na outra, é liberado. Numa não é permitido jogar mais do que uma hora por dia, por exemplo, e na outra a criança joga o quanto quiser.
Esse tipo de situação não ajuda a educar crianças e jovens para conviver no mundo digital.
É importante ressaltar que a separação não extingue a responsabilidade dos cônjuges para com os filhos e filhas. Pai e mãe devem conversar entre si para estabelecer regras em conjunto, que sejam idênticas em ambas as casas.
Isso serve para os cuidados com alimentação, com horários de ir para a cama, com tempo de televisão e com tempo de jogos e de internet.
#PrecisamosFalarSobreIsso
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[…] os casos evidenciam situações de abandono digital, que nós já abordamos em posts passados aqui no Vida Inovadora. Para saber um pouco mais sobre […]