O perigo de rotular as crianças. Você já se pegou observando seu filho ou sua filha imitar a forma como você fala? Ou repetir as coisas que você diz? Isso acontece porque nós, pais e mães, somos um modelo para as crianças. O que nós dizemos e fazemos tem um poder imenso sobre eles.
Sabendo disso, como você acha que uma criança vai construir sua própria autoimagem se ouve dos pais o tempo todo que é: preguiçoso, irresponsável, bagunceiro, tímido, uma princesa, um gênio?
Nós, seres humanos, temos uma necessidade imensa de criar definições. Para isso, acabamos reduzindo pessoas e situações complexas a uma única palavra. Isso é o que chamamos de rotular. Mas, para as crianças pequenas, esses rótulos têm um papel enorme na forma como elas se enxergam. Em especial numa fase em que estão construindo a autoidentidade. Essas imagens, vindas das pessoas mais importantes para elas no mundo, deixam marcas indeléveis na forma como a pessoa vai se enxergar pelo resto da vida.
No livro “O Poder do Discurso Materno”, publicado no Brasil pela editora Ágora, a psicoterapeuta argentina Laura Gutman explica: “Vamos continuar pensando, sentindo e interpretando a vida de um ponto de vista emprestado – habitualmente o ponto de vista de um adulto importantíssimo. Então, continuaremos alinhando nossas ideias e nossos preconceitos em relação direta com o ponto de vista de nossa mãe. Desse discurso dependerá se vamos nos considerar bons ou muito ruins, se acreditamos que somos generosos, inteligentes ou bobos, se somos astutos, fracos ou preguiçosos. É importante notar que essas definições são semelhantes ao que disseram papai ou mamãe durante nossa infância, especialmente em relação a como nos lembramos de nós mesmos.”
Elogio pode?
Todo elogio é uma palavra amorosa e, certamente, é feito com a melhor das intenções. Os problemas começam quando os elogios restringem o campo de como a criança pode enxergar suas qualidades a apenas alguns aspectos. Você já parou para se perguntar por que meninos são sempre “fortes, corajosos, inteligentes”? E meninas são sempre “lindas, princesas, doces”?
E as críticas?
Assim como as críticas, elogios excessivos também podem ser danosos às crianças. Isso porque podem contribuir para a construção de uma autoimagem distorcida e limitar a exploração de habilidades por parte das crianças. Além de, em alguns casos, criarem expectativas e levarem a frustrações. Uma criança que tenha ouvido sempre que é muito inteligente, por exemplo, pode ter dificuldades para lidar com o fracasso numa prova na escola.
Quer saber mais sobre o papel dos rótulos elogiosos? Então assista ao documentário “Repense o Elogio”, da diretora Estela Renner.
#PrecisamosFalarSobreIsso
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2 Comentários. Deixe novo
Temos que ter cuidado, não rotular! A criança está em formação da autoidentidade.
Refletir sobre educação é importante, mas subtítulos como ” elogio pode?” nos dão a impressão de que há uma “voz (des) autorizadora” para dizer como se deve educar as crianças…E já que estamos falando em linguagem, mais uma obra com cara de fardo pras mulheres: O PODER DO DISCURSO MATERNO – não, obrigadA!