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Violência contra crianças no ambiente doméstico

Família

A violência no ambiente doméstico é um problema persistente que afeta milhões de crianças no Brasil e no mundo. Segundo dados recentes da Pesquisa Nacional da Situação de Violência Contra Crianças no Ambiente Doméstico, lançada em março de 2023 pelo ChildFund Brasil, aproximadamente 90% dos casos de violência infantil no país acontecem dentro de casa, sendo que 72,7% das ocorrências envolvem a própria residência da vítima e do agressor. Essa realidade, que perdura há gerações, tem raízes profundas na história colonial brasileira.

A professora Marilene Proença, do Departamento de Aprendizagem do Instituto de Psicologia da USP, esclarece que a prática de violência física como forma de disciplina está ligada à nossa história colonial. Esse passado estabeleceu um padrão de controle e dominação que ainda reverbera nos lares brasileiros, onde atos de agressão física e psicológica muitas vezes são vistos como parte do processo educativo.

Herança do Brasil Colônia: normalização da violência

O uso da violência como método disciplinar tem origem no Brasil Colônia, onde o patriarca detinha o direito de punir filhos, mulheres e escravos para manter a ordem. Essa prática foi passada de geração em geração, tornando-se um modelo de controle no qual o corpo da criança precisava ser “domado” por meio de agressões físicas ou psicológicas. A professora Marilene Proença destaca que “nós temos uma tradição que vem desde o período da escravização, associando espancamento e violência física à educação.”

Esse padrão histórico moldou a crença de que para educar [Rs1] é necessário impor castigos corporais e ameaças. Puxões de orelha, chineladas, gritos e humilhações foram naturalizados como “disciplinas” legítimas. Porém, essa abordagem, baseada no medo e na submissão, gera consequências graves para o desenvolvimento das crianças, como baixa autoestima, ansiedade e tendência à reprodução da violência.

Expectativa versus realidade: os danos da violência[Rs2] 

Embora muitos pais utilizem a violência acreditando que ela é necessária para manter a disciplina e ensinar os filhos a respeitar[Rs3] em limites, estudos mostram que essa abordagem gera resultados opostos ao esperado. Crianças que sofrem agressões físicas ou verbais tendem a desenvolver dificuldades emocionais e comportamentais. Elas podem se tornar retraídas, ansiosas, agressivas ou, até mesmo, repetir esse ciclo de violência em suas próprias relações.

A professora Marilene Proença explica que “a violência pode gerar sofrimento psicológico fazendo com que a criança se torne violenta ou retraída. Ela aprende a negar o outro, a agir sem considerar as necessidades e sentimentos de quem está ao seu redor”. Esse comportamento pode ser transferido para outros contextos, como a escola, onde a criança passa a demonstrar dificuldade em socializar ou resolver conflitos de forma pacífica.

Educação através do diálogo: uma abordagem eficaz

Para romper com a cultura da violência, é necessário adotar novas formas de educar. A especialista enfatiza que a educação baseada no diálogo e no respeito mútuo é essencial para criar um ambiente saudável, no qual as crianças possam se desenvolver de maneira equilibrada. Isso não significa, contudo, ausência de limites. Pelo contrário, o diálogo também é uma ferramenta poderosa para definir limites e promover a compreensão das consequências das ações.

A argumentação, como destaca Marilene Proença, deve substituir as ameaças. “O diálogo não quer dizer que os limites não existam. Ele serve para mostrar que determinada ação pode prejudicar outra pessoa e que o outro também está sofrendo. Por meio do argumento, mostramos à criança que o outro importa e que seus comportamentos têm impacto nas pessoas ao seu redor.”

A professora ressalta a importância de repetir essas explicações sempre que necessário, oferecendo à criança a chance de aprender com suas ações. Esse processo de aprendizado é gradual e exige paciência e dedicação dos pais, mas os benefícios são duradouros. O desenvolvimento de habilidades emocionais e sociais, essenciais para a vida adulta, ocorre de maneira mais efetiva em um ambiente de respeito e compreensão.

Como implementar o diálogo no cotidiano

Estabelecer uma relação de diálogo com as crianças requer prática e persistência. A seguir, algumas dicas práticas para substituir a violência por uma abordagem mais construtiva:

Explique os limites com calma: sempre que uma regra for estabelecida ou um limite imposto, explique à criança o porquê dessa decisão. Mostre como suas ações podem prejudicar outras pessoas ou ela mesma.

Incentive a empatia: pergunte à criança como ela se sentiria se estivesse na situação da outra pessoa. Isso ajuda a desenvolver a capacidade de se colocar no lugar do outro.

Ofereça alternativas para comportamentos inadequados: em vez de punir ou castigar, sugira outras formas de lidar com o que aconteceu. Isso ensina à criança que há diferentes maneiras de resolver conflitos ou expressar frustrações.

Reforce comportamentos positivos: quando a criança se comportar de maneira adequada ou respeitosa, reconheça e elogie. O reforço positivo é uma excelente maneira de incentivar boas atitudes.

Trabalhe o coletivo: proponha atividades em grupo que valorizem a cooperação e a partilha. Jogos colaborativos, como os utilizados no Programa MenteInovadora, da Mind Lab, são ótimos para desenvolver habilidades socioemocionais e reforçar a importância de trabalhar em equipe.

Educar sem violência é possível

A mudança de um modelo educativo baseado na violência para uma abordagem centrada no diálogo e no respeito mútuo é fundamental para o desenvolvimento saudável das crianças. Embora a herança colonial tenha normalizado o uso da violência como forma de disciplina, é possível romper com esse ciclo e construir novas formas de educar.

A professora Marilene Proença ressalta que educar é um processo complexo e contínuo, que exige dedicação, paciência e, sobretudo, o entendimento de que a aprendizagem não se limita aos conteúdos pedagógicos. “Assim como aprendemos a ler e a escrever, também precisamos aprender a nos relacionar com as pessoas e com o mundo.” O diálogo, portanto, deve ser o alicerce de uma educação que valoriza o respeito, a empatia e a compreensão.


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