O que os pais precisam saber sobre desafios on-line perigosos
Na última década, a presença on-line passou a fazer parte da rotina de crianças e adolescentes. Em muitos lares, o uso de celulares e tablets é visto como inofensivo, especialmente quando a criança está “em casa, no quarto, segura”. Mas como alerta a professora Leila Tardivo, do Instituto de Psicologia da USP: “estar dentro de casa não garante segurança se os pais não souberem o que seus filhos estão acessando na internet, ainda mais se forem esses desafios online perigosos. O caso recente da menina de 8 anos que faleceu após inalar desodorante aerossol para cumprir um desafio do TikTok escancarou a urgência dessa discussão.”
Por que os desafios on-line são tão atraentes para os jovens?
Desafios on-line muitas vezes se disfarçam de brincadeiras inofensivas. Circulam rapidamente em plataformas como TikTok, YouTube e Instagram, e se espalham por vídeos, memes e comentários entre pares. Para crianças e adolescentes, que ainda estão construindo sua identidade e buscando pertencimento, aceitar esses desafios pode parecer uma forma de ganhar visibilidade, aprovação e até se sentirem corajosos.
Entretanto, o que parece uma simples diversão pode levar a práticas gravíssimas, como inalação de substâncias químicas, autoagressão, sufocamento, agressões físicas e exposição a situações de alto risco. A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) já alertou que pelo menos 56 crianças e adolescentes morreram ou se feriram gravemente entre 2014 e 2025 após participarem desses jogos. É preciso entender: esses comportamentos não são apenas curiosidades infantis. São estratégias danosas de validação social amplificadas por algoritmos.
Como agir como pai, mãe ou cuidador?
1. Acompanhe de perto o que seu filho consome on-line
Crie uma rotina de checagem com naturalidade, sem transformar a vigilância em confronto. Pergunte o que ele viu, o que achou engraçado, se já ouviu falar de algum desafio. Mostre interesse genuíno.
2. Estabeleça regras claras e limites
O acesso à internet deve vir acompanhado de orientações sobre segurança, tempo de uso e conteúdos apropriados para a idade. Aplicativos de controle parental são aliados importantes.
3. Abra espaço para o diálogo contínuo
Conversas sobre emoções, amizades, medo de exclusão e autoestima devem fazer parte do dia a dia. Quando os filhos se sentem ouvidos, têm menos necessidade de buscar aceitação em ambientes de risco.
4. Observe mudanças sutis de comportamento
Alterações no sono, isolamento, irritabilidade ou perda de interesse por atividades habituais podem ser sinais de alerta. Nessas situações, busque apoio profissional. O cuidado preventivo é mais eficaz do que a resposta emergencial.
5. Ensine pensamento crítico e empatia desde cedo
Utilizar metodologias como as do Programa MenteInovadora, da Mind Lab, pode ajudar a desenvolver habilidades socioemocionais e pensamento reflexivo em crianças e adolescentes. Jogos pedagógicos e práticas de metacognição ensinam a reconhecer riscos, ponderar consequências e agir com responsabilidade.
A tecnologia não é inimiga, mas precisa ser mediada
A internet pode sim ser um espaço de aprendizado, criatividade e socialização. Mas, como destaca a professora Leila Tardivo, ela também é um ambiente sem regras claras, onde crianças podem se tornar vítimas de situações que não sabem nomear ou enfrentar. O mesmo cuidado que temos ao não deixar nossos filhos sozinhos em lugares perigosos fora de casa precisa ser aplicado ao mundo digital.
Por fim, lembre-se:
Controle é cuidado. E cuidado se expressa em presença, escuta e diálogo. Crianças bem orientadas se tornam usuários críticos e conscientes. E, mais do que impedir um desafio perigoso, o objetivo maior é construir relações de confiança e segurança emocional que protejam nossos filhos em qualquer ambiente — real ou virtual.
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