O papel da família na educação midiática
Nos nossos dois textos mais recentes, abordamos um dilema muito presente na vida das famílias nos dias de hoje: o acesso dos filhos e filhas de todas as idades ao ambiente virtual.
Há duas semanas, nós alertamos para a delicada relação entre crianças e internet. E no último texto, chamamos a atenção dos pais para uma nova forma de abandono que vem sendo tipificada nas leis que regem os direitos das crianças e os deveres de seus responsáveis: o abandono digital.
Está cada vez mais claro o que muitos pais e mães, às vezes, demoram a perceber: nós, como adultos responsáveis pelo bem-estar de nossos filhos e filhas, precisamos participar ativamente da educação midiática deles.
Mas, o que é Educação Midiática? As crianças e jovens de hoje já não sabem muito mais sobre tecnologia do que nós, adultos? Essa não é a geração chamada de “nativa digital”? O que eu, como pai ou mãe, posso ensinar a eles? Onde posso encontrar ajuda para isso?
São essas cinco perguntas que o nosso texto de hoje vai responder, fechando a rápida série sobre as crianças na era da vida digital.
Boa leitura.
O que é Educação Midiática?
Quando a pergunta envolve um termo técnico, a melhor resposta vai ser sempre a de alguém que se dedica a estudar o assunto, concorda?
A gente gosta muito de uma definição para Educação Midiática que foi cunhada pelo pessoal do Educamídia, um programa do Instituto Palavra Aberta criado com o apoio do Google para engajar a sociedade na tarefa de educação midiática de crianças e jovens.
Segundo eles, Educação midiática é:
“O conjunto de habilidades para acessar, analisar, criar e participar de maneira crítica do ambiente informacional e midiático em todos os seus formatos — dos impressos aos digitais.”
Quer dizer que não é só na relação com as telas? Os impressos, como jornais e revistas, também entram nisso?
Sim, mas aí a gente pergunta: quando foi a última vez que você viu uma criança, ou mesmo um adulto, abrindo um jornal ou uma revista de papel?
Embora a definição englobe todas as plataformas, o que está no foco, nos dias de hoje, são os ambientes digitais.
Crianças e jovens não sabem muito mais sobre tecnologia?
Atire o primeiro smartphone quem nunca se pegou encantando com a facilidade de uma criança, às vezes bem pequena, para manusear o telefone celular do pai, da mãe ou do avô. A facilidade com que desbloqueiam a tela, baixam apps e jogos e fazem perguntas aos robôs de inteligência artificial é realmente fascinante.
Isso não quer dizer, porém, que estejam prontas para navegar sozinhas no ambiente virtual.
A pergunta retórica que costuma despertar pais e mães para o que realmente está em jogo é aquela que questiona: Você deixaria seu filho ou filha pequeno(a) circular sozinho, sem a sua companhia, por uma praça pública?
A internet, as redes sociais, os jogos em rede são a praça pública do mundo digital.
Mas eles não os “nativos digitais”?
Muito cuidado com os modismos dos quais as pessoas se apropriam sem refletir.
O conceito de nativo digital esconde uma noção de que, por terem facilidade com o hardware, as crianças e jovens da geração atual estão prontas para navegar no mundo virtual.
Isso não é verdade.
Como dissemos nas postagens anteriores desta série, o mundo virtual oferece uma ampla gama de oportunidades, mas também traz riscos para crianças e jovens.
Por mais que saibam operar os telefones e computadores, crianças e jovens não nascem com a maturidade necessária para lidar com esses riscos.
Vamos dar um exemplo bem simples: você conhece algum adulto que já tenha caído num golpe virtual? Você mesmo já foi vítima de um?
Pois é. Se até adultos são enganados, imagine as crianças.
O que pais e mães podem ensinar aos filhos?
O que está em jogo na Educação Midiática é desenvolver, em crianças e jovens, a habilidade de olhar, analisar e consumir de forma crítica o conteúdo recebido pelas telinhas de smartphones e pelas telonas de computador.
Nossos filhos e filhas precisam entender que mundo digital e mundo físico estão interligados. O que acontece em um tem repercussões no outro. E grande parte da nossa vida se desenvolve, atualmente, dentro das redes.
Por isso, é importante conversar com crianças e jovens sobre temas como:
- Segurança;
- Compartilhamento de dados;
- Privacidade;
- Parceria com os pais;
- Saúde digital;
- Cyberbullying;
- Desafios virtuais;
- Pressão dos pares;
- Autoimagem;
- Autoexposição;
- Exploração infantil.
Parece coisa demais, especialmente para alguém que cresceu num mundo off-line?
De fato, os adultos que não viveram esse ambiente virtual desde sempre precisam estudar antes de poderem ajudar os filhos e filhas na educação midiática.
Mas calma, você não está sozinho(a). Existe muito material na própria internet que pode ajudá-lo a aprender sobre essas questões.
Onde encontrar ajuda?
Um primeiro parceiro muito importante pode ser o próprio site do Educamídia, que nós já citamos aqui.
Além desse site, você pode encontrar materiais excelentes e gratuitos que podem ser baixados nos seguintes locais:
Informe-se, aprenda sobre os desafios e oportunidades do mundo digital e assuma o seu papel na educação midiática de seu filho ou filha!
#PrecisamosFalarSobreIsso
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