Ano após ano, o vestibular continua a ser uma fonte de grande ansiedade para muitos jovens candidatos. A professora Débora Audi, membro do Serviço de Orientação Profissional do Instituto de Psicologia da USP, compartilha suas valiosas percepções sobre como lidar com essa fase desafiadora na vida dos estudantes.
O vestibular: uma grande transição
Uma das razões principais para o vestibular ser tão estressante é que, para muitos, é a primeira grande prova da vida, tanto no sentido literal quanto figurado. A transição do ensino médio, um ambiente mais protegido, para a faculdade, um território desconhecido, pode ser vulnerável. Essa mudança significativa na vida dos jovens contribui para o estresse e a ansiedade.
A imaturidade natural dos jovens
A imaturidade associada à idade é outro fator crucial. A falta de experiência e bagagem emocional faz com que o vestibular assuma uma importância desproporcional, gerando extrema ansiedade. Muitos jovens, ao passarem por essa fase, percebem que não era “tudo isso”. Com o tempo, os desafios da vida se tornam mais manejáveis.
O papel da comunidade
Débora Audi ressalta que o vestibular não é o monstro que parece ser, mas a comunidade também deve evitar reproduzir essa pressão. A escola e a família precisam ter cuidado com a pressão que colocam sobre os jovens. O apoio e o cuidado são fundamentais nesse momento delicado.
Saúde mental: um aspecto crucial
Existem casos em que a pressão se torna excessiva. Isso é comum entre alunos que sempre tiveram um bom desempenho escolar e agora sentem o peso de manter essa expectativa no vestibular. É essencial lembrar que o vestibular não define a vida inteira. Se a pressão for insuportável, buscar ajuda profissional é recomendado.
Os candidatos de medicina, em particular, enfrentam uma pressão adicional. Frequentemente, passam anos no cursinho, enquanto seus familiares não compreendem completamente a dificuldade de entrar neste curso. A compreensão e o apoio da família são vitais para esses estudantes.
Impactos das crises sociais e econômicas
Débora Audi também menciona que vivemos em uma época de incertezas e desilusões. Questões econômicas, ambientais e sociais influenciam diretamente a capacidade dos jovens de sonhar com um bom futuro. Crises climáticas, escassez de empregos e de moradias acessíveis são preocupações adicionais que pesam sobre os estudantes.
Dicas para lidar com as pressões do vestibular
Além das observações acima, Débora oferece ações concretas para ajudar os jovens a passar por essa fase. Sugira a seu filho ou filha:
1. Converse com quem já passou por isso: falar com pessoas que já enfrentaram o vestibular pode ajudar a colocar as coisas em perspectiva. Isso mostra que “existe uma vida depois do vestibular” e pode acalmar a ansiedade.
2. Mantenha-se ativo fisicamente: a atividade física não é importante apenas para a saúde, mas também para lembrar que a experiência universitária vai além dos estudos. Participar de esportes e atividades sociais é crucial.
3. Equilíbrio entre estudos e vida pessoal: enquanto ser aprovado é importante, cuidar de si mesmo e saber estabelecer prioridades também é fundamental. Manter amizades e participar de atividades extracurriculares são partes essenciais da vida universitária.
4. Crie uma rotina de estudos: estabelecer uma rotina equilibrada ajuda a gerenciar o tempo e a reduzir a ansiedade. Alternar entre estudos, lazer e descanso é vital para manter a mente saudável.
5. Pratique técnicas de relaxamento: meditação, respiração profunda e mindfulness podem ajudar a reduzir o estresse e aumentar a concentração.
6. Busque apoio emocional: conversar com amigos, familiares ou um profissional pode fornecer suporte emocional e estratégias para lidar com a pressão.
7. Foco no presente: concentre-se no que você pode controlar agora, em vez de se preocupar com resultados futuros. Fazer o melhor no momento presente é o mais importante.
Lidar com as pressões do vestibular é um desafio, mas com o apoio adequado e estratégias eficazes, os jovens podem enfrentar essa fase com mais tranquilidade e confiança. A comunidade, a escola e a família desempenham papéis essenciais nesse processo, proporcionando um ambiente de suporte e compreensão. Ensinar os jovens a lidar com essa pressão não só os prepara para o vestibular, mas também para os desafios futuros, ajudando-os a se tornarem adultos resilientes e equilibrados.
